Shiatsu
Trata-se de uma terapia manual de digitopuntura com origem japonesa, cujas raízes se encontram na filosofia e técnicas de massoterapia da Medicina Tradicional Chinesa. O Ministério da Saúde do Japão define o Shiatsu como um “tratamento que, aplicando pressão com os dedos polegares e as palmas das mãos sobre determinados pontos do corpo, corrige irregularidades no organismo, mantém e melhora a saúde, trata várias patologias e activa a capacidade auto-curativa, sem efeitos secundários”.
O Shiatsu é uma terapia simples e segura, sem limite de idade e sem efeitos secundários que prima pela sua eficácia no tratamento de um vasto conjunto de patologias.
Breve História
A palavra Shiatsu deriva do japonês Shi (dedo) e Atsu (pressão), ou seja, “pressão com os dedos”. O Shiatsu surge da combinação de antigas técnicas da Medicina Oriental, mas a moderna formalização ocorre apenas no século XX, com a obra de Tamai Tempaku em 1919 – Shiatsu Ho (“terapia de pressão com os dedos”). Recorrendo ao seu profundo conhecimento de anatomia e sistema de meridianos e a técnicas como o Do-In, o Anma, o Ampuku, assim como técnicas de massagens europeias, este terapeuta lançou as primeiras bases do que viria a ser o Shiatsu.
Em 1925 é fundada no Japão a Associação de Terapeutas de Shiatsu, de que faziam parte vários discípulos de Tamai Tempaku, entre os quais Tokujiro Namikoshi, fundador da escola Namikoshi e Katsusuke Serizawa, mãe de Shizuto Masunaga e que influenciará o filho na criação de um estilo próprio de Shiatsu, o Zen Shiatsu.
O reconhecimento do Shiatsu como técnica independente e diferenciada da Anma (massagem para relaxamento) ocorreu apenas com a reestruturação do governo japonês após a Segunda Guerra Mundial e a criação de uma comissão para avaliar, classificar e regulamentar a Medicina Tradicional Japonesa, promovida pela estrita política de controle americana no pós-guerra.
É assim que tendo fundado em 1940 a Japan Shiatsu College, Tokujiro Namikoshi só consegue obter a legalização do Shiatsu pelo Governo Japonês em 1964. Finalmente, em 1997, o Shiatsu viria a ser definido pelo Parlamento Europeu como uma das terapias alternativas dignas de interesse, sendo actualmente reconhecido e integrado no sistema nacional de saúde de países como a Austria, a Suíça e o Brasil.
Existem, hoje em dia, diferentes estilos de Shiatsu – Ohashiatsu, Shiatsu Macrobiótico, Shiatsu dos Cinco Elementos, Tantra Shiatsu, Watsu ou Shiatsu na água -, mas as duas principais escolas continuam a ser o estilo promovido por Tokujiro Namikoshi, leccionado e reconhecido pela Japan Shiatsu College, mais tradicional e enfocado na constituição anatómica e fisiológica; e o Zen Shiatsu, desenvolvido por Shizuto Masunaga e mais alicerçado na sensibilidade do terapeuta e na resposta energética do paciente, trabalhando-se o corpo de forma profunda, mas muito suave.
Base teórico-científica
O Shiatsu tem por base a acção instintiva e inata de qualquer ser humano de tentar aliviar a dor através da pressão com as mãos: pressionar com as nossas mãos a zona em que nos dói, é algo que instintivamente todos fazemos.
O Shiatsu consiste em aplicar pressão com os polegares e a palma da mão sobre determinados pontos denominados “tsubos” – correspondentes aos pontos acupunturais -, integrados numa rede de canais energéticos que percorrem o corpo – os meridianos – e através dos quais flui a energia vital, designada como Chi pelos chineses e Ki pelos japoneses. Segundo esta perspectiva, as várias patologias e desequilíbrios têm por base o bloqueio ou congestionamento do natural fluxo desta energia.
Segundo a investigação desenvolvida até ao momento, o sistema de meridianos parece corresponder a um sistema de transdução de sinais intercelulares anterior aos sistemas fisiológicos. H. S. Burr demonstrou que num ovo fecundado em apenas 15 horas está completa a orientação espacial do sistema de meridianos, muito antes da formação dos órgãos mais rudimentares¹.
Transpondo para a mente ocidental o conceito de tsubos, este pontos têm caracteristicamente menor resistência eléctrica e coincidem com uma estrutura histológica particularmente rica em elementos microvasculares e nervosos, capazes de transmitir impulsos à distância ao estarem interligados com as vias vegetativas periféricas². Devido a uma modificação das fibras de colagénio da derme, estes pontos são caracterizados por um afundamento da pele, motivo pelo qual podem ser sentidos por palpação (Jacques 1995).
Através da pressão exercida, nesses pontos e áreas específicas, estabelece-se contacto com o Sistema Nervoso Autónomo, que ajuda a corrigir eventuais disfunções. O Sistema Nervoso Autónomo divide-se em sistema nervoso simpático, associado à resposta em situações de tensão ou de emergência e relacionado com os processos que implicam o consumo de energia para dar resposta a essas situações; e o sistema nervoso parassimpático, o principal regulador interno do organismo e relacionado com os processos de reposição e conservação de energia.
Podemos comparar o modo como a energia corporal funciona em relação ao Sistema Nervoso Autónomo com as comportas de uma barragem. Quando o sistema simpático está predominantemente activo, em estado de tensão, o efeito correspondente é o de fecho das comportas: a água permanece separada e o movimento entre as secções está interdito. Por outro lado, quando estamos relaxados, entramos em “modo parassimpático”, a energia flui livremente, descongestionando os excessos acumulados em determinada área e promovendo a revitalização e equilíbrio de todo o corpo e dos seus processos profundos. O mesmo acontece quando as comportas de uma barragem são abertas deixando a água fluir entre as secções, equilibrando, desse modo, os níveis de água e permitindo a passagem de um barco entre as comportas.
Os vários receptores existentes nas camadas da nossa pele – designadamente os corpúsculos de Meissner e, a maior profundidade os de Pacini – transformam o estímulo mecânico recebido pela pressão exercida em energia electromagnética que intervém em modificações fisiológicas por diversas vias: por via nervosa através dos neurotransmissores, por via endócrina através das hormonas e por via conectiva através do metabolismo celular. O Shiatsu serve-se, portanto, da resposta natural do organismo, para promover o seu reequilíbrio.
Em Shiatsu podemos reconhecer quando um órgão está afectado através do reflexo viscero-cutâneo correspondente, sendo que muitas vezes a contracção exagerada de um músculo é originada por uma patologia ou disfunção orgânica.
Sumariamente, o sistema nervoso periférico é considerado como o prolongamento do encéfalo e da espinal medula, sendo formado por nervos sensitivos (fibras centrípetas) que transmitem os estímulos recebidos aos centros nervosos e nervos motores, os quais por sua vez, originam a resposta das diversas estruturas corporais. É através dessas fibras centrípetas que o estímulo originado num orgão interno pode produzir uma dor reflexa ou outras reacções que o sistema nervoso canaliza para certas partes do corpo como os ombros, as costas ou o abdómen. Ao exercer pressão nessas zonas e descongestionar as estruturas anexas, facilitando a irrigação sanguínea, o Shiatsu permite assim ajudar ao reequilíbrio de todo o organismo.
¹ Burr, H. S., 1972, The Fields of Life, Ballantinc Books, Nova Yorque
² Niboyet, 1950; Bossy et al., 1978; Voll, 1983; Auziech, 1989, Kimura et al., 1992; Zilberschtein, J; GIl , F; Sánchez Valverde, M; Laredo, F; Vásquez, 2004
Benefícios
• Vitaliza a pele e reduz sinais de envelhecimento
• Estimula a circulação sanguínea e linfática
• Melhora o tónus muscular
• Corrige a postura
• Regula as secreções hormonais
• Flexibiliza e ajuda a recuperação do sistema músculo esquelético
• Promove o movimento das articulações prevenindo deformações, artrite e dores
• Estimula o bom funcionamento do aparelho gastrointestinal
• Fortalece o sistema imunitário
• Melhora o sistema endócrino,
• Regula a função neuronal
• Promove o bem-estar geral e o relaxamento
Indicações
• Tensão e dores musculares
• Fibromialgia
• Tendinites
• Tenossinovites
• Paralisia muscular
• Gripe
• Bronquite asmática
• Sinusite
• Espasmos gástricos
• Cálculos biliares
• Gastrite
• Diarreia
• Obstipação
• Hipertensão arterial
• Arritmia cardíaca
• Varizes e varicosas
• Alívio das dores de cólica renal
• Incontinência urinária
• Prolapso de bexiga
• Impotência sexual
• Cólicas menstruais
• Sintomas da menopausa
• Artrose
• Artrite reumatóide
• Nevralgias
• Distúrbios da Articulação Tempuro-Mandibular
• Relaxamento físico, mental e emocional
• Depressão
• Síndrome de pânico
• Enxaqueca
Contra-indicações
Existem casos em que a sessão de Shiatsu deve ser especialmente adaptada, como é o caso de grávidas (antes do 3º mês e depois do 6º mês) e pessoas idosas.
A prática de Shiatsu é contra-indicada em estados de pronunciado cansaço, em jejum ou logo após a refeição, em pacientes com doenças infecto-contagiosas, inflamações agudas, em presença de lesões externas, estados febris ou sob o efeito de álcool ou drogas.
Em que consiste uma sessão de Shiatsu
O terapeuta de Shiatsu utiliza apenas as mãos no tratamento, tradicionalmente realizado sobre um colchão no chão mas que pode ser realizado também sobre uma marquesa, dependendo do conforto do paciente e da patologia que apresente. No espaço InnZen, segue-se fundamentalmente a escola Namikoshi, embora se apliquem também técnicas de Zen Shiatsu de Masunaga, consoante cada caso e paciente.
O tratamento é executado sobre a roupa, através da pressão com os polegares e as palmas das mãos, incorporando também estiramentos e exercícios de correcção postural sempre que necessário. Recomenda-se, assim, que o paciente traga roupa confortável para a sessão de tratamento.
Independentemente dos sintomas apresentados, e embora o tratamento seja especificamente dirigido para o quadro clínico de cada paciente, todo o corpo é tratado. Em linhas breves, por exemplo, um tornozelo torcido implica que usemos mais o outro pé e assim desviemos o nosso centro de gravidade, afectando a postura e todas as outras zonas e articulações implicadas. De modo a corrigir o problema, devemos assim incidir também nas áreas afectadas pelo esforço de compensação.
No espaço InnZen, sempre que necessário, o tratamento de Shiatsu pode ser complementado por técnicas de Magnetoterapia, Moxabustão ou Ventosaterapia.
O tratamento é antecedido pela breve observação do paciente e perguntas de diagnóstico e tem uma duração máxima de 50 m, após o que se recomenda ao paciente tomar alguns minutos de repouso, antes de sair do gabinete. O final da sessão é assinalado com a oferta de um chá ou tisana para ajudar à homeostase do organismo.
Preço
50€
Artigos Científicos
THE EFFECTS OF SHIATSU ON LOWER BACK PAIN
BRADY ET AL. (2001), Iowa/USA
HAND SELF-SHIATSU FOR SLEEP PROBLEMS IN PERSONS WITH CHRONIC PAIN: A PILOT STUDY
BROWN ET AL. (2014), Toronto-Alberta/Canada
RELIEVING PRESSURE – AN EVALUATION OF SHIATSU TREATMENTS FOR CANCER AND PALLIATIVE CARE PATIENTS IN AN NHS SETTING
BROWNE ET AL. (2018), London/UK
ZEN SHIATSU: A LONGITUDINAL CASE STUDY MEASURING STRESS REDUCTION IN A CHILD WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER
BURKE (2014), Colorado/USA
EXPLORING THE VALUE OF SHIATSU IN PALLIATIVE CARE DAY SERVICES
CHEESMAN ET AL. (2001), Colchester/UK
THE EFFECTS OF SHIATSU ON POST-TERM PREGNANCY
INGRAM ET AL. (2005), Bristol/UK
SHIATSU AS AN ADJUVANT THERAPY FOR DEPRESSION IN PATIENTS WITH ALZHEIMER’S DISEASE: A PILOT STUDY
LANZA ET AL. (2018), Italy
SHIATSU AS AN ADJUVANT THERAPY FOR SCHIZOPHRENIA: AN OPEN-LABEL PILOT STUDY
LICHTENBERG ET AL. (2009), Jerusalem/Israel
THE POTENTIAL OF COMPLEMENTARY AND ALTERNATIVE MEDICINE IN PROMOTING WELL-BEING AND CRITICAL HEALTH LITERACY: A PROSPECTIVE, OBSERVATIONAL STUDY OF SHIATSU
LONG (2009), Leeds/UK
A TYPOLOGY OF NEGATIVE RESPONSES: A CASE STUDY OF SHIATSU.
LONG ET AL. (2009), Leeds/UK
THE EFFECTS OF SHIATSU: FINDINGS FROM A TWO-COUNTRY EXPLORATORY STUDY
LONG ET AL. (2003), Salford/UK
THE EVIDENCE FOR SHIATSU: A SYSTEMATIC REVIEW OF SHIATSU AND ACUPRESSURE
ROBINSON ET AL. (2011), London/UK
EFFECTS OF PASSIVE HYDROTHERAPY WATSU (WATERSHIATSU) IN THE THIRD TRIMESTER OF PREGNANCY: RESULTS OF A CONTROLLED PILOT STUDY
SCHITTER ET AL. (2015), Bern/Switzerland
EVALUATION EFFECT OF SHIATSU TECHNIQUE ON LABOR INDUCTION IN POST-TERM PREGNANCY
TEIMOORI ET AL. (2014), Zahedan/Iran
EFFECTS OF SHIATSU IN THE MANAGEMENT OF FIBROMYALGIA SYMPTOMS: A CONTROLLED PILOT STUDY
YUAN ET AL. (2013), Sao Paulo/Brazil
TOUCHING CANCER: SHIATSU AS COMPLEMENTARY TREATMENT TO SUPPORT CANCER PATIENTS
ARGASH ET AL. (2008), Petach Tikva/Israel
MANAGEMENT OF WORK STRESS IN HEALTH CARE PROVIDERS AT THE HAEMATOLOGY DIVISION USING SHIATSU (ALTERNATIVE TREATMENT APPROACH)
COHEN ET AL. (2018)
DELIVERING SHIATSU IN A PRIMARY CARE SETTING: BENEFITS AND CHALLENGES
PIRIE ET AL. (2011), Sheffield/UK
SHIATSU AND ACUPRESSURE: TWO DIFFERENT AND DISTINCT TECHNIQUES
CABO ET AL. (2018), London/UK
BALLEGAARD ET AL. (1996), Ega/Denmark
SINGLE-BLIND, RANDOMIZED, PILOT STUDY COMBINING SHIATSU AND AMITRIPTYLINE IN REFRACTORY PRIMARY HEADACHES
VILLANI ET AL. (2017), Rome/Italy
SHIATSU MASSAGE AND THE PAIN INTENSITY OF VENIPUNCTURE IN PATIENTS UNDERGOING HEMODIALYSIS
MIRTAJADINI ET AL. (2016), Tehran/Iran
THE EFFECTS AND EXPERIENCE OF SHIATSU: A CROSS-EUROPEAN STUDY. FINAL REPORT.
LONG (2007), Leeds/UK
info: academic publishing, 633 participants, longitudinal cohort design, data collection by questionnaires
INTÉRÊT DU SHIATSU CHEZ LES PATIENTS CANCÉREUX TRAITÉS PAR CHIMIOTHÉRAPIE
CHEVALIER (2007), Saintes/France
CARIELA DE ALBUQUERQUE et al. (2008), Rio de Janeiro/Brasil
Shiatsu and Its Overseas Diffusion, Kiyoshi Ikenaga, http://www.shiatsutherapy.org/english001.htm
Shiatsu para o trabalho de parto, http://www.rdpc.uevora.pt/bitstream/10174/20717/1/Maria%20de%20Lurdes%20Gardete%20Pereira%20Gameiro.pdf
EU Parliament Conference on complementary and alternative medicine 2017
Entrevista com Mike Mandl, organizador do Shiatsu European Congress de 2017
http://www.ryohoshiatsu.com/en/mike-mandl-organizer-of-the-2017-shiatsu-european-congress/
Japan College of Shiatsu Collected Reports of The Shiatsu Therapy Research Lab 1998-2012
Japan College of Shiatsu Collected Reports of The Shiatsu Therapy Research Lab 2013-2017
Effects of Shiatsu Stimulation on the Cardiovascular System
Effects of shiatsu Stimulation on Blood Pressure
Effects of Shiatsu Stimulation on Peripheral Circulation
Effects of Shiatsu Stimulation on Muscle Pliability
Effects of Shiatsu Stimulation on Muscle Pliability (Part 2)
Effects of Shiatsu Stimulation on Muscle Pliability (Part 3)
Effects of Shiatsu Stimulation on Spinal Mobility and Muscle stiffness
Electrogastrogram Changes Due to Shiatsu Stimulation of the Lower Leg
Electrogastrogram Changes Due to Shiatsu Stimulation of the Abdominal Region
Changes to Skin Temperature in the Lower Limb Due to Shiatsu Stimulation of the Lumbodorsal Region
Effects on Autonomic Nervous Function of Shiatsu Stimulation to the Anterior Cervical Region
Effects on Pelvic Angle of Shiatsu Stimulation to the Gluteal Region
Effects of Shiatsu Stimulation to the Head Region on Pupil Diameter, Heart Rate, and Blood Pressure